Ao longo da história da Igreja, Nossa Senhora recebeu diversos títulos, conferidos pelo povo. Cada título tem sua origem histórica, sua propagação e seu significado na vida dos
devotos.
Nos vinte séculos de história do cristianismo encontramos muitos títulos de Nossa Senhora. O notável liturgista F. G. Holweck catalogou mais de 1.025 títulos marianos, de acordo com a Enciclopédia Católica (Itália). A professora Nilza Botelho Megale, historiadora, museóloga e folclorista, apresenta, em sua pesquisa, 123 invocações da Virgem Maria no Brasil.
Os títulos marianos constituem expressões típicas do culto à Mãe de Jesus.
São denominações que distinguem e qualificam aspectos particulares do mistério da Virgem Maria, exprimindo a devoção dos fiéis para com Aquela que exerceu papel fundamental na história da salvação.
Os títulos marianos testemunham e manifestam a fé da Igreja e a criatividade da religiosidade popular. Ao chamar a Mãe de Deus de diversos nomes, os devotos exprimem sua honra e carinho para com ela de acordo com seus costumes, sua piedade, seus conhecimentos e seus sentimentos.
Na própria Bíblia nos deparamos com vários nomes que foram dados a Maria de Nazaré. Ela é chamada nos Evangelhos de "Mãe de Jesus". Essa denominação aparece 25 vezes no Novo Testamento.
É designada pelo anjo Gabriel como "Cheia de Graça" (Le 1,28). O nome de Maria é citado: 5 vezes em Ma-teus; 1 vez em Marcos; e 12 vezes em Lucas. Fora dos Evange-lhos, apenas uma vez figura o nome de Maria: Atos dos Apóstolos (At 1,14). O evangelista João prefere mencioná-la como "Mãe de Jesus" ou "sua mãe" (Jo 2,1.3.12; 19,25-26).
Vários títulos lembram a vocação e missão de Nossa Senhora no mistério de Jesus Cristo e da Igreja. Em 431, o Concílio de Efeso conferiu-lhe a designação de "Mãe de Deus". Em 1966, o Papa Paulo VI a declarou "Mãe da Igreja", ou seja, Mãe de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores.
Outros títulos recordam acontecimentos importantes da vida da Mãe de Jesus. Ela é designada como Nossa Senhora da Conceição, da Natividade, da Anunciação, da Visitação, da Apresentação, das Dores, da Agonia, da Soledade, da Assunção, do Cenáculo, da Glória e outros.
Diversos títulos salientam as qualidades e virtudes da Mãe de Deus. Há Nossa Senhora da Alegria, da Caridade, da Hu-mildade, da Paz, da Misericórdia e outros. Isso sugere o quanto podemos imitá-la e seguir seus exemplos.
Há títulos que se referem aos lugares onde a Virgem Maria, por privilégio especial concedido por Deus, apareceu. Ela é in-vocada como Nossa Senhora de Fátima, da Salete, de Lourdes, de Montserrat, de Medjugorje, de Caravaggio, do Pantanal e outros.
Muitos títulos mostram o papel de Maria Santíssima como intercessora, que ouve seus devotos e intervém em favor deles junto a Deus. Eles a designam como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Medianeira, Auxiliadora, da Consolação, da Boa Viagem, da Saúde, das Graças, da Vitória, do Bom Conselho, da Ajuda, da Defesa, da Guia, Desatadora de Nós, dos
Desamparados e tantos outros.
Os títulos alimentam nosso culto mariano, fazendo-nos pensar na identidade e no lugar de Maria na vida dos seres humanos e em nossa existência cristã. Ela é sempre a mesma pessoa, mas a veneramos com diversos nomes carinhosos e respeitosos.
Pe. Eugênio Bisinoto C.Ss.R.